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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Controle de Roedores

CONTROLE DE ROEDORES COM RATICIDAS

Utilizar raticidas dentro de uma indústria ou qualquer outro ambiente urbano não é uma atividade tão simples como parece. Se assim fosse, bastaria que qualquer pessoa fosse até uma loja especializada, comprasse o raticida, distribuísse e pronto, resolvido o problema.

Nos dias de hoje essa utilização deve seguir determinados procedimentos elaborados pela empresa que presta esse tipo de serviço. Lembrando que o uso de raticidas é somente uma parte integrante de um todo que é o controle integrado de pragas.

Na verdade, existem outros aspectos mais relevantes para o controle dessa praga do que o raticida em si. O uso de barreiras, o saneamento do meio, o gerenciamento adequado do lixo, a manutenção predial, a remoção de equipamentos fora de uso entre muitas outras medidas que devem ser detectadas no momento da vistoria e na manutenção do serviço. Somente a integração de todas as medidas é que poderá gerar sucesso no controle dos ratos urbanos.

Apenas para relembrar temos no Brasil três espécies de roedores que já se habituaram ao convívio humano, chamados na literatura de comensais (que comem à nossa mesa). São elas a Ratazana ou rato de esgotos (Rattus norvegicus), o rato de telhado (Rattus rattus) e o camundongo (Mus musculus).

Essas espécies aprenderam nesses milhares de anos de convivência com o homem, a conhecer os hábitos das populações e a incorporá-los aos seus próprios hábitos. Aprenderam como o homem armazena os seus alimentos, aprenderam a detectar os pontos de descarte dos alimentos, e uma característica muito importante, aprenderam a detectar a presença de substâncias nocivas ou venenosas nas misturas que encontram. Em razão disso é possível atribuir em parte o insucesso na utilização de raticidas sem a devida contrapartida ambiental.

Recentemente o filme Ratattouille apresentou um ratinho, o Remy, que tem um paladar especial e cuja tarefa, que ele por sinal odiava, era liberar os alimentos encontrados pela colônia, cheirando um por um para verificar se continham veneno.

O desenho animado procurou apresentar essa formidável estratégia de defesa de uma forma suave.

Na natureza o rato não tem capacidade de vomitar, não tem musculatura adequada nem está fisiologicamente adaptado para esse processo. Sendo assim, ele precisa selecionar e muito bem os alimentos que vai ingerir. O que o herói do desenho animado fazia é traduzido na natureza por ações de defesa, tais como cheirar a pelagem e o hálito dos companheiros de colônia para identificar os alimentos seguros; os filhotes cheiram o hálito de suas mães a observação de outros companheiros, o alfa e os menos importantes na colônia.

Na prática, a utilização de raticidas é eficaz, não há dúvida, mas depende muito da escolha do princípio ativo e da formulação adequadas, da localização do raticida, da quantidade distribuída, da competitividade com outros alimentos, da durabilidade do produto, da sua atratividade para os roedores presentes. É fácil iscar uma área como o lixo, onde o alimento disponível já está degradado ou em processo de degradação e não apela muito para o roedor. A isca fresca e bem acondicionada pode ser mais interessante. Difícil é iscar uma área de armazenagem de alimentos com leite em abundância, creme de leite, grãos, biscoitos, massas, e outros alimentos que apetecem muito mais e, o que é mais importante, já foram percebidos no hálito de outros companheiros da colônia e são considerados seguros do ponto de vista tóxico.

É por isso que cada situação para controle de roedores é individual e vão requerer intervenções diferentes dependendo das mudanças ambientais, das mudanças em vizinhança e muitos outros fatores que acabam impactando as populações de roedores.

Sem dúvida alguma sem analisarmos todos esses aspectos e sem tomarmos todas as ações necessárias, o controle de roedores será sempre uma pedrinha no nosso sapato.

Fonte:

Lucia Schüller

Bióloga e Mestre em Saúde Pública

Especialista em Entomologia Urbana

 

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